O que é compulsão alimentar?

É uma compulsão por alimentos de difícil controle, que força a pessoa a comer com urgência algo muito apreciado, a fim de obter um prazer imediato.

Em 40% dos casos, trata-se de um alimento achocolatado. Essa compulsão é uma resposta do organismo que busca moléculas necessárias à fabricação de neurotransmissores: por exemplo, um alimento apreciado e fonte de prazer faz secretar endorfinas (morfina interna que o corpo sabe fabricar), neurotransmissores que promovem uma sensação de bem-estar e euforia. É um fenômeno de adaptação ao estresse.

Infelizmente, quando essa resposta ultrapassa seu objetivo e torna-se obsessiva, pode levar à bulimia.

Existe um caso particular de compulsão alimentar: a carência de serotonina cerebral, que provoca alterações do humor associadas a desejos ou necessidades urgentes de consumir doces. Esse transtorno chama-se carbohydrate craving: o açúcar estimula a secreção de insulina, o que facilita a passagem para o cérebro do triptofano, precursor bioquímico da serotonina, neurotransmissor que diminui a ansiedade. Um certo número de células nervosas contém ao mesmo tempo serotonina e endorfinas, que podem ser liberadas simultaneamente.

Na verdade, o açúcar é capaz de acalmar a dor do recém-nascido e aliviar as dores menstruais. Essa ação sobre o sofrimento físico e moral pode levar a um distúrbio de comportamento porque, como a morfina, isso pode levar a um tipo de dependência.

Desviado de seu uso primordial, o açúcar é assim empregado quase como uma droga. É o que afirmam M. Le Barzic e B. GuyGrand quando, referindo-se ao consumo de açúcar como substituto de um vazio afetivo, concluem, na obra intitulada Comportement alimen-taire, du normal au pathologique (Comportamento alimentar: do normal ao patológico): “Os doces substituem o objeto que falta e acabam sendo procurados por si mesmos.

aradoxalmente, é para escapar à dependência do ser ausente que o indivíduo prefere entrar na dependência de doces”. O comportamento torna-se patológico quando comer açúcar é a única resposta a uma situação de estresse, de tédio, de conflito ou de angústia.

Andy Warhol, o artista do movimento pop, sofria de compulsão alimentar e escreveu, em 1975: “A única coisa que jamais desejei foi o açúcar”.

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