A cirurgia estética é uma cirurgia de alto nível técnico: é difícil determinar em que casos ela é indicada e qual será a operação mais adequada. Também é preciso dirigir-se a um profissional cuja competência para realizar esse trabalho seja garantida pelo Conselho de Medicina e pelas sociedades médicas das respectivas especialidades.
Lipoaspiração
O objetivo da lipoaspiração é corrigir o contorno da silhueta, reesculpindo as massas de gorduras localizadas e feias (“celulite”). Trata-se de retirar, sob anestesia local, o tecido adiposo, aspirando-o por meio da ação mecânica de uma cânula introduzida por uma pequena incisão no local desejado.
Se a elasticidade cutânea e da derme não forem danificadas pela operação, a pele se pregueará e se retrairá sobre essa nova base.
No fim, o cirurgião envolve o paciente com atadura elástica que age como um curativo compressivo, diminuindo o edema pós-operatório.
O paciente pode mover-se e andar já no dia seguinte, mas um certo desconforto permanecerá por oito dias. A atadura deve ser usada noite e dia durante um mês. Os hematomas desaparecem ao fim de duas semanas, o edema e todo o inchaço após dois meses. É preciso evitar qualquer exposição ao sol durante um mês, assim como a prática de certos esportes (particularmente o tênis).
Contudo, não é possível melhorar, com lipoaspiração, uma assimetria constitucional da bacia ou o aspecto de “casca de laranja” que a celulite dá à pele.
Às vezes, ocorrem acidentes no curso da operação, devidos a um erro de técnica e/ou a um volume excessivo de gordura retirada. Podem sobrevir perfurações digestivas, embolias gordurosas (passagem de tufos de gordura para o sangue, os quais vão entupir um vaso) ou choques devido a uma maciça transferência, para o subcutâneo do soro, do sangue extravasado pela ruptura dos pequenos vasos durante passagem da cânula. Se isso acontecer, a massa sangüínea (composta de soro e de glóbulos vermelhos) perde muito de seu volume líquido (que está sob a pele), a bomba cardíaca esvazia-se e não é mais eficaz. O indivíduo entra em estado de choque e deve ser reanimado de urgência para manter-se vivo.
Para prevenir esses riscos, além da competência do cirurgião, é necessária a presença de um anestesiologista especializado e a realização da intervenção numa verdadeira sala de cirurgia, o que permitirá ao médico agir em caso de eventualidades.
A ocorrência de infecções pós-operatórias é rara, mas grave (choque infeccioso conseqüente a uma septicemia ou gangrena).
Posteriormente, em caso de resultado imperfeito, a prática de massagens ou drenagem linfática por um fisioterapeuta pode melhorar a situação. Mas se o profissional domina mal sua técnica, vão-se observar buracos, depressões ou um aspecto antiestético, como o de uma placa ondulada nas partes tratadas.
Plástica abdominal
Cada indivíduo tem seu capital de elasticidade cutânea. Quando esse é gasto, a pele pode contrair-se de novo, sendo, então, necessário fazê-lo cirurgicamente.
O excesso de peso vai romper a armadura elástica da pele do abdome. Assim sendo, depois de um emagrecimento significativo, ela forma uma espécie de bolsa que cai. A principal intervenção consiste em recortar o excesso de pele e depois repuxá-la. Eventualmente, o cirurgião intervém também nos músculos abdominais, que em geral estão distendidos. Esse relaxamento acontece também nas coxas e na face interna dos braços, onde igualmente pode-se intervir.
Plástica mamária
Pode ser feita a operação de redução numa jovem obesa. Seios muito volumosos são desconfortáveis, pesados, dificultam a prática esportiva, favorecendo as deformidades da coluna vertebral (cifose dorsal).
Se a jovem sofre de distúrbios psíquicos evidentes ligados a esse excesso de peso localizado e, desde que tenha a concordância de um psiquiatra, a operação pode ser feita num hospital da rede pública.
Durante a intervenção, o cirurgião pode retirar até um quilo de gordura de cada seio.
A cirurgia estética pode consistir também na colocação de próteses mamárias após um grande emagrecimento que tenha dado aos seios, vazios de sua gordura, um aspecto caído.
Estrias
São verdadeiras cicatrizes da derme, cujas fibras elásticas romperam-se definitivamente durante um ganho de peso significativo, o qual distendeu demais a pele. As estrias são indeléveis.
Seu aspecto e sua extensão, todavia, podem ser atenuados pela ablação e “repregueamento” de certas partes da pele.
No entanto, é melhor preveni-las do que remediá-las. Sua prevenção reside em alguns conselhos: não fumar, expor-se ao sol de maneira racional e utilizar produtos cosméticos adequados, sobretudo durante a gravidez. É essencial manter uma boa hidratação cutânea para proteger sua maciez.
Mas, em todos os casos, a prática de ato cirúrgico estético num ex-obeso que emagreceu só é eficaz se o peso realmente estabilizou-se.
A retomada do peso anularia todos os benefícios do tratamento, que, em seguida, não poderia ser repetido após cada emagrecimento!