A dieta proteinada

Foi lançada nos anos 60, nos Estados Unidos, e, em 1970, na França, pelo prof. Apfelbaum. Ainda permanece na moda, apesar de seus riscos e fracassos…

Princípio:

  • Durante a primeira Fase, que dura 21 dias, é uma dieta muito restritiva (cerca de 350 kcal por dia); a alimentação normal é substituída por 20 gramas de proteínas (em pó, a ser diluído, ou em líquido já preparado) para serem tomados quatro a cinco vezes por dia.
  • Para lutar contra os riscos de constipação intestinal, adicioná-se suco de limão e salada, e, para lutar contra eventuais carências, uma suplementação de vitaminas e sais minerais.
  • É preciso beber muito, ao menos de 1,5 a 2 litros de líquido por dia (água e chás não adoçados etc.).
  • A dieta Faz eliminar gorduras no sangue, sob Forma de corpos cetônicos. Eliminados pelos pulmões, eles podem causas hálito desagradável (cheiro de acetona). Ameniza-se esse efeito secundário, recomendando beber líquidos além da quantidade sugerida, para Facilitar a eliminação pelas vias urinárias.
  • Durante a segunda Fase, que dura três semanas, o número de calorias autorizadas diariamente passa a 799 kcal (o que corresponde a 80 gramas de proteínas nas três refeições).
  • Durante a terceira fase (que igualmente dura três semanas), aporte diário é de 1.200 kcal e são autorizados Frutas e laticínios a 0% de gordura.
  • A quarta, e última Fase, é de estabilização. Deve, portanto, ser relativamente prolongada. O aporte diário autorizado é de 1.700 kcal; a dieta de proteínas é interrompida e uma alimentação normal reiniciada.

Críticas:

  • Com essa dieta hipocalórica, o organismo põe rapidamente em marcha sistemas de adaptação que lhe permitem habituar-se a satisfazer-se com pouco; ele gasta cada vez menos e, portanto, tem também cada vez menos necessidade de calorias.
  • A importância da restrição e da frustração acaba sempre num fenômeno de rebote, o gene da economia insiste em reconstituir as gorduras de reserva. Além disso, o cérebro reage a essa frustração por desvios da dieta e episódios de compulsão alimentar.
  • Uma dieta assim torna-se, freqüentemente, porta de entrada para o sistema de restrição cognitiva, com um efeito sanfona e episódios depressivos.
  • A perda, de sal provocada pelo regime facilita a eliminação da água (que sempre tem efeito sobre a balança), mas é preciso atenção para que ela não seja muito significativa, a fim de evitar as quedas de pressão arterial.
  • Durante os 19 primeiros dias, os aportes dc proteínas, ainda que grandes, não impedem a perda muscular. O balanço protéico só volta ao normal no vigésimo dia. Se o tratamento for seguido por apenas dez dias, a queda de peso deve-se majoritariamente à perda de água e de músculos…
  • Os efeitos colaterais são numerosos e podem levar à interrupção prematura do tratamento: aumento das taxas de ácido úrico no sangue e na urina (de 10 a 20% dos casos), hipotensão arterial (de 8 a 10%), queda de cabelos (9%), constipação intestinal (9%), fadiga (85%), unhas quebradiças (8%), pele scca (8%), cãimbras (7%). perturbações da menstruação (6%), estado depressivo (5%), dores de cabeça (3%) ou distúrbios sexuais (2%).
  • Durante essa dieta proteinada, é preciso beber muito, para eliminar, sem risco para os rins, os dejetos do metabolismo protéico (uréia e ácido úrico: é preciso tomar 28 ml de água por grama de proteína ingerida. Quer dizer, durante a segunda fase: 80 x 3 x 28 ml = mais de 6,7 litros de líquido por dia.
  • Pouquíssimas pessoas ingerem essa quantidade, daí os riscos de incidentes renais (especialmente cólicas de rins, por formação de cálculos renais à base de ácido úrico).
  • Nos Estados Unidos, essas complicações chegaram a casos de morte súbita. Muitos foram explicados em razão da ingestão de proteínas de má qualidade, outras sobrevieram em pessoas que haviam seguido a dieta protéica por mais tempo do que o recomendado. Há casos que permaneceram sem explicação.
  • A cura deveria ser controlada estritamente por médicos, com eletrocardiogramas regulares (porque não se deve admitir que a perda muscular dos 19 primeiros dias atinja o coração!). Mas é fácil arranjar saquinhos de proteínas sem receita médica ou mesmo com uma receita antiga…
  • A primeira fase jamais deve durar mais de quatro semanas e é indispensável respeitar um prazo de ao menos três meses entre dois tratamentos.
  • Muitas pessoas não se atêm a esse calendário e compram saquinhos por conta própria, continuando por mais tempo uma dieta estrita, na esperança de emagrecer ainda mais rápido! Expõem-se assim a acidentes.
  • A curto prazo, os resultados da dieta proteinada são bons (perda média de quatro quilos na primeira semana), mas eles somem ao longo de tempo.
  • Após seis meses, o percentual de sucesso é de 38%; de 31% após um ano; de 14% após dois anos e de somente 2% após cinco anos… Por esse motivo, há alguns anos, o prof. M. Apfelbaum, pioneiro do método na França, foi levado a desaconselhar formalmente essa técnica para perder peso, quando não se tratar de uma obesidade efetiva (nesse caso, o IMC deve bei superior a 31) e grave, em razão da presença de complicações.
  • Hoje, a dieta proteinada deve ser prescrita unicamente aos obesos IMC ultrapassar 31 e nos seguintes casos: Quando há necessidade de emagrecer uma pessoa antes de uma intervenção cirúrgica programada.
  • Se a obesidade complicou-se com uma hipertensão arterial grave e difícil de ser reequilibrada.
  • Se a pessoa que sofre de obesidade mostrar graves alterações psicológicas em relação a seu excesso de peso, especialmente se existe risco de suicídio.
  • Há quem empregue esse método no tratamento da obesidade quando o IMC é maior do que 31, mesmo que não exista nenhuma complicação, embora essa atitude seja discutível. Em contrapartida, recorrer à dieta proteinada, por razões unicamente estéticas, sem que haja excesso de peso ou excesso de peso moderado, é desaconselhado formalmente e ainda corre-se risco de uma condenação penal. Essa dieta só pode agravar os problemas que regimes repetidos ou mal conduzidos trazem a longo prazo (efeito rebote, agravamento do excesso dc peso etc.).
  • Contudo, essa abordagem terapêutica é prescrita mesmo, por médicos pouco escrupulosos, a mulheres e homens que apresentam excesso de peso moderado ou até mesmo uma composição corporal normal, mas que querem pesar menos. O atrativo do lucro e/ou a fascinação por resultados tangíveis e rápidos (a curto prazo) levam a esses excessos que desrespeitam a ética e põem a saúde dos pacientes em perigo!
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