Alimentos Funcionais no Esporte

O consumo regular de determinados minerais e vitaminas são indispensáveis para o funcionamento do sistema antioxidante do organismo, principalmente em casos de estresse físico.

A portaria n° 398 de 30/04/99 da Se­cretaria de Vigilância Sanitária do Minis­tério da Saúde define que “alimento fun­cional é todo aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido na dieta usual, produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser segu­ro para consumo sem supervisão médica”.

A ingestão desses alimentos por atletas e esportistas, está relacionada à ação antioxidante, ou seja, diminuição da pro­dução de radicais livres que são forma­dos em maiores quantidades durante o exercício, especialmente nas atividades de longa duração. O termo radical livre refere-se a moléculas com átomos alta­mente reativos, que contêm número im­par de elétrons em sua última camada eletrônica. Cerca de 95% dos átomos de oxigênio advindos da respiração são neutralizados pela cadeia respiratória celular, terminando seu ciclo em água. Os 5% restantes, porém, são transfor­mados em radicais livres, cujo excesso é prejudicial ao organismo, podendo ocasionar situações patológicas, tais como resfriados, gripes e pneumonias, devido, principalmente, ao déficit imu­nológico ocasionado. Além disso, o de­sempenho do atleta também é afetado, pois, durante a prática esportiva ocorre um aumento de 10 a 20 vezes no con­sumo total de oxigênio pelo organismo e um aumento de 100 a 200 vezes na captação de oxigênio pelo tecido mus­cular, o que contribui para a ocorrência de danos celulares, prejudicando a re­cuperação muscular. O nosso próprio corpo já possui um sistema de defesa antioxidante com­posto principalmente pelas enzimas catalase, superóxido dismutade (SOD) e glutationa peroxidase.

Essas enzimas são capazes de modificar os radicais li­vres, inativando seus efeitos maléficos sobre o organismo. Mas, como citado anteriormente, o exercício físico provo­ca um aumento no número de radicais e, a longo prazo, quando não são de­vidamente neutralizados, podem iniciar um processo deletério nas células e te­cidos, chamado de estresse oxidativo. Esse processo pode ocasionar diversas doenças, incluindo as neurodegenerativas, cardiovasculares, câncer e enve­lhecimento precoce. Para se ter uma ideia de seus efeitos, foi estimado – de acordo com a teoria do envelhecimento precoce – que a ex­pectativa de vida em seres humanos poderia ser de até 250 anos, o que não ocorre devido aos danos causados pelos radicais livres. Por este motivo, além de uma alimentação balanceada é muito importante o enriquecimento da mesma com alimentos funcionais, que podem comprovadamente atenuar os efeitos maléficos destes radicais.

Ainda é válido ressaltar que estes alimentos são importantes inclusive para o bom funcionamento do pró­prio sistema antioxidante, como por exemplo, na produção das enzimas antioxidantes. Este processo requer a presença de níveis adequados de minerais como zinco, cobre e selênio, além de quantidades suficientes de proteínas de alta qualidade e vita­minas. Tanto o cobre quanto o zinco são particularmente importantes para a produção da superóxido dismutase dentro da mitocôndria, onde a maior parte dos radicais livres é produzida, e o selênio é essencial para a forma­ção da glutationa peroxidase. Além disso, tanto a vitamina C quanto as vitaminas do complexo B são neces­sárias para a produção de catalase extra. Sem vitamina B6 (piridoxina) suficiente, por exemplo, o organismo não tem como produzir glutationa pe­roxidase. Desta maneira, o consumo regular de determinados minerais e vitaminas é indispensável para o fun­cionamento do sistema antioxidante do organismo, principalmente em ca­sos de estresse físico.

Entretanto, apesar de todos estes efeitos negativos comprovados, não são todos os atletas que têm real co­nhecimento dos mesmos. Foi o que apontou uma pesquisa realizada pela revista SaBios em 2006. Em geral, a informação dos atletas sobre a rela­ção da alimentação e desempenho fí­sico se baseia na ingestão de carboidratos e proteínas, visando o controle da fadiga e da síntese de proteínas musculares, respectivamente. Neste estudo, os atletas demonstraram ter conhecimento sobre a importância da alimentação para o desempenho físico, porém, possuem pouco conhe­cimento sobre a função dos radicais livres e o mecanismo de ação dos an­tioxidantes na neutralização dos mes­mos, em atletas.

Portanto, diante de todos os dados indicados e das informações científi­cas comprovadas sobre os problemas desencadeados pelos radicais livres, deve-se reforçar a importância de um acompanhamento nutricional adequado para todos os atletas e esportistas que almejam a melhor performance durante um longo prazo de sua vida, sem com­prometer, assim, sua saúde.

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