Musculação para jovens atletas

A procura pela musculação por pessoas cada vez mais jovens, tanto quanto por indivíduos com mais idade, é uma relativa novidade no Brasil. Lamentavelmente, é comum que este público encontre, nas academias, profissionais pouco familiarizados com o conhecimento científico atual. Entretanto, esta questão está muito bem documentada, não existindo mais dúvidas sobre os principais benefícios da musculação para os jovens e também para idosos:

 

• Aumento da força e da resistência muscular localizada.

• Redução do risco de ocorrência de lesões.

• Aumento da capacidade de desempenho, tanto nas atividades esportivas, como recreativas e laborativas.

Com isto, pode-se esperar, também para atletas, uma vida esportiva mais longa e saudável. Kraemer e Fleck enfatizam também a questão da longevidade esportiva pela proteção contra as lesões, quando o jovem é treinado com pesos.

MARTIN (1977) apresenta uma definição bem geral de treinamento, como sendo um processo que favorece alterações positivas de um estado (físico, motor, cognitivo, afetivo).

Para que isso aconteça de forma positiva na preparação física de nossos jovens atletas, devemos tomar cuidado com alguns mitos da saúde, como, por exemplo, o tema musculação para crianças.

Este tema tem sido abordado intensamente pelos preparadores físicos, com o objetivo de melhorar o desempenho de nossos atletas.

Na área da saúde, observa-se uma grande discussão entre profissionais (professores de educação física, médicos, fisioterapeutas etc.) sobre a aplicação ou não do treinamento de musculação para crianças e adolescentes. Devido a isso, muitos preparadores físicos negligenciam a musculação, pensando que assim estariam evitando possíveis prejuízos à saúde deste público. Até hoje, não há nenhum registro na literatura que aponte a musculação como maléfica à saúde, ou que observe prejuízos físicos às crianças, proibindo a prática da mesma por parte dessa população. O que existe são recomendações de como se deve treinar uma criança e diversas publicações que reportam benefícios ao treinamento de musculação.

A NSCA (Associação Americana de Força e Condicionamento), citada por BALSAMO e SIMÃO (2005), recomenda exercícios de força (treinamento básico), que não excedam 20 a 40 minutos por sessão, duas a três vezes por semana, com um número de repetições por volta de 6 a 15, por, pelo menos, uma série.

Levando em consideração a negligência a estas informações, o esporte, principalmente o brasileiro, tende a perder com este fato, fazendo com que os atletas se profissionalizem, mas sem apresentar lastro (experiência) em treinamento de força. Isto é freqüentemente observado, pois muitos destes atletas profissionais não apresentam coordenação motora para a realização de movimentos específicos da musculação, tendo como conseqüência o retardamento de uma possível performance em nível mundial.

Por esta razão, seria de suma importância que os atletas jovens (crianças e adolescentes) treinassem a musculação, enfatizando a aprendizagem motora, facilitando o trabalho dos preparadores físicos posteriores, tornando-se possível atingir o máximo de performance de seu atleta, quando adulto.

Aprendizagem motora, segundo FREY (1977), citado por WEINECK (2003), é o ato de capacitar o indivíduo ou atleta para ações motoras em situações previsíveis e imprevisíveis, para o rápido aprendizado e domínio de movimentos no esporte.

Quando o atleta se torna profissional, a cobrança de bons resultados faz com que a preparação física se torne um diferencial na disputa dos primeiros lugares. O atleta sem lastro em treinamento de musculação pode não atingir um nível de preparação física ideal, simplesmente, pelo fato de alguns dos estados citados no início (físico, motor, cognitivo, afetivo) poderem apresentar diminuição no mesmo.

Com isso, muitas capacidades físicas necessárias para um bom desempenho ficam impedidas de se manifestarem de forma ideal. Isto acontece pela negligência a algumas etapas no histórico de treinamento, sendo somente o treinamento propriamente dito capaz de reverter esse quadro. O processo de desenvolvimento das capacidades físicas deve seguir uma seqüência lógica: aprendizagem motora, ajustes articulares e musculares para hipertrofia propriamente dita, força e outras valências físicas específicas para cada desporto. Vale lembrar que todas essas etapas podem ser desenvolvidas com excelência através do treinamento de força (musculação), sendo que, quanto mais cedo for treinada a aprendizagem motora, mais cedo também poderá ser observado o desenvolvimento das demais capacidades físicas.

Desta maneira, podemos concluir que estes estados citados acima (físico, motor, cognitivo, afetivo) são primordiais para a formação de um atleta profissional, auxiliando, e muito, na obtenção do êxito esportivo. Sendo assim, todas as ferramentas de trabalho, inclusive a musculação, podem e devem ser utilizadas desde a infância. Vale lembrar que o conhecimento técnico e o bom senso são, sempre, fundamentais para a aplicação desses conceitos.

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