DICAS – Saiba mais sobre Hormônios Bioidenticos

O assunto está em alta nos Estados Unidos desde que a atriz americana Suzanne Somers lançou Ageless: the Naked Truth about Bioidentical Hormones (em português, algo como Eterno – A Verdade Nua e Crua sobre os Hormônios Bioidênticos).

Hormonios Bioidenticos são alguns hormônios sintéticos, feitos em farmácia de manipulação, com estrutura química e molecular exatamente igual à dos produzidos pelo organismo. Por que uma atriz se interessaria pelo assunto? Porque, assim como muita gente, acredita que essas substâncias têm um poder antienvelhecimento.

A história dos bioidênticos tem mais de vinte anos. No começo, nem tinham esse nome. Depois que a terapia de reposição hormonal para mulheres na menopausa foi colocada na berlinda, em 2002, por um estudo que a associou ao aumento dos riscos de infarto, derrame e câncer de mama, eles, os hormônios manipulados, voltaram à ordem do dia – e com a nova denominação de bioidênticos.

Há quem defenda que são uma alternativa mais segura e eficaz de repor o que falta na menopausa. Não são, de acordo com a maioria dos médicos. Também não há comprovação de que retardariam os efeitos do tempo, ao contrário do que prega a senhora Somers.

Há dois tipos de hormônios bioidênticos. O primeiro é fabricado por laboratórios farmacêuticos. Vamos deixá-lo de lado. O segundo é feito, como já se disse, em farmácias de manipulação, a partir de extrato de soja e inhame mexicano, principalmente. Os defensores dos bioidênticos manipulados dizem que eles podem ser feitos sob medida para cada paciente. “É o que chamamos de customizar um remédio”, diz o médico Ítalo Rachid, um dos precursores da disseminação desses hormônios no Brasil.

Em comunicado oficial, a Sociedade de Endocrinologia dos Estados Unidos adverte que a fabricação individualizada de um hormônio, a tal “customização”, é praticamente impossível de ser alcançada “porque os níveis de hormônio no sangue são difíceis de medir e regular devido às variações fisiológicas“. Além disso, não há estudos que atestem os benefícios e riscos dos bioidênticos manipulados, que não são controlados pelos órgãos de vigilância sanitária – ao contrário daqueles fabricados pelos grandes laboratórios.

Há médicos que questionam até mesmo a adoção da palavra “bioidêntico”. “Não há nada de científico nesse termo. É uma mera questão mercadológica”, afirma o endocrinologista Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. O grande apelo dos hormônios bioidênticos manipulados é o de que eles seriam naturais e, por isso, o organismo se mostraria capaz de metabolizá-los da mesma forma que faz com um hormônio do próprio corpo. No entanto, dizer que esses tratamentos são naturais, ou que não são remédios, como chega a propagandear Suzanne Somers, está longe de ser verdade. Um bioidêntico pode até derivar de plantas como soja e inhame mexicano, mas para se tornar um decalque de uma molécula humana é preciso sintetizá-lo artificialmente. Só se não tivesse de sofrer alterações em sua estrutura química é que poderia ser considerado natural.

Os médicos que defendem os hormônios bioidênticos manipulados partem da premissa de que os hormônios em geral seriam a chave capaz de desligar o processo de envelhecimento do corpo. Eles identificam, inclusive, 23 “pausas”, afora a menopausa. Para cada uma dessas pausas, haveria um hormônio bioidêntico sob medida: testosterona bioidêntica, GH bioidêntico, DHEA bioidêntico, e por aí vai. “As taxas de hormônios não caem porque envelhecemos, e sim nós envelhecemos porque elas caem”, diz o médico Rachid. Esse tipo de afirmação leva os médicos ortodoxos à loucura. Houve até um bate-boca, nos Estados Unidos, entre Suzanne Somers e médicos mais tradicionais no programa Larry King Live, da CNN. “Quando todos perceberem que basta repor o hormônio que perdemos no processo de envelhecimento, nas quantidades exatas de que precisamos, não será necessário tomar mais nenhum remédio”, disse a atriz.

Ao que um dos interlocutores – com diploma – retrucou: “Suzanne deveria deixar a prática médica para os médicos. Deixe que nós cuidamos dos pacientes”. Ela atribui seus alegados 60 anos redondos aos hormônios bioidênticos – a ginástica pesada, as plásticas e as injeções de Botox, que a deixaram bioidêntica a tantas outras loiras de alegados 60 anos da Califórnia, a atriz deixa para lá. Grande atriz.

Os hormônios bioidênticos seriam mais eficazes e seguros do que o método convencional de reposição hormonal. Isso porque, além de serem cópias fiéis dos hormônios humanos, a sua dosagem seria feita sob medida para as necessidades de cada paciente. Nem mais nem menos do que ela precisaria

Não há estudos clínicos que atestem a segurança e a eficácia desses remédios. Formular as doses exatas de determinado hormônio é difícil porque essas substâncias existem em quantidades ínfimas no organismo e variam muito ao longo do dia. Partindo do princípio de que a chave do envelhecimento está na queda da produção hormonal, os defensores dos bioidênticos argumentam que é possível voltar aos níveis hormonais da juventude.

Por exemplo, um homem ou mulher por volta dos seus 60 anos deveria ter a mesma quantidade de GH (o hormônio do crescimento) circulante no sangue que tinha aos 20 anos. A queda hormonal é apenas uma parte do processo natural de envelhecimento. Nada se provou cientificamente sobre os poderes antienvelhecimento da reposição de hormônios, a não ser o alívio de sintomas associados à idade. A única teoria antiidade comprovadamente aceita pela comunidade médica é a da restrição calórica.

O processo de menopausa nas mulheres tem seu equivalente nos homens: a andropausa ou deficiência androgenica progressiva do envelhecimento masculino. Ela é muito mais gradual do que a feminina. Mas é real. Começa ao redor dos 35 anos com pequenas mudanças na maneira de pensar e agir, é tudo muito sutil, e por volta da quarta década de vida o homem está acomodado com a diminuição da energia, da acuidade mental, do desejo sexual, perda de massa muscular, pneuzinho na cintura, etc… Ele nem percebeu a mudança, e um dia, de repente, acorda e se dá conta de que não é mais o mesmo.

A andropausa, assim como a menopausa, é causada pela diminuição do nível de hormônios, primariamente a testosterona e secundariamente o hormônio do crescimento e o DHEA (dehidroepiandrosterona). O grau de envelhecimento do homem vai depender do declínio desses hormônios e do seu estilo de vida (alimentação, exercício físico, nível de stress, tabagismo, uso de álcool, drogas e medicamentos, etc).

A deficiência hormonal é o problema de saúde menos compreendido no homem com mais de 40, levando a diagnósticos errôneos. Muitas das doenças que o homem de meia-idade apresenta, incluindo depressão, ganho de peso, aumento da gordura visceral, doenças cardíacas e prostáticas, diabetes e hipertensão, disfunções urinárias e sexuais, estão diretamente ligadas ao desequilíbrio ou deficiência hormonal, o que pode ser corrigido através da reposição criteriosa de precursores hormonais, fitoterápicos, nutrientes, e hormônios bioidenticos, dependendo de cada caso específico. Infelizmente, ainda é comum a prescrição de medicamentos para tratar os sintomas de problemas que são causados por deficiência hormonal. O homem deve ter seus hormônios checados através de exame de sangue e com tratamento adequado procura-se atingir níveis hormonais ideais, aqueles produzidos na faixa etária dos 20 aos 25 anos.

Os principais sinais físicos da andropausa são: diminuição de energia e força, aumento de gordura corporal, diminuição de massa magra (músculos), diminuição de massa óssea (osteoporose), diminuição da capacidade mental, depressão, risco aumentado de câncer, doença cardíaca e arteriosclerose, diabetes, diminuição da libido e do vigor sexual.

No corpo humano os hormônios funcionam fazendo oposição um ao outro para se obter um estado de equilíbrio. No homem quem faz oposição à testosterona é o estrogênio. Quando há excesso de gordura abdominal (mesmo antes dos 30 anos) ocorre um desequilíbrio na proporção entre testosterona e estrogênio, e o estrogênio aumentado faz com que o colesterol bloqueie vasos no coração, cérebro e órgãos sexuais, e direciona um movimento de saída de cálcio dos ossos (osteoporose).

O reconhecimento da andropausa masculina vem crescendo na comunidade médica. O diagnóstico pode ser auxiliado por um questionário direcionado (anamnese), exames laboratoriais em amostra de sangue (para checar o funcionamento das glândulas e medir o índice de hormônios como testosterona, DHEA, estrogênio, hormônio do crescimento, hormônio da tireóide, insulina e outros), e densitometria óssea (para detectar a possível diminuição da densidade óssea).

O assunto reposição hormonal (até há pouco tempo exclusividade das mulheres) vem se tornando cada vez menos incomum entre os homens, e foi um tema privilegiado no II Congresso Mundial sobre a Saúde do Homem, que se realizou em outubro de 2002 em Viena, Áustria. Se comparado com as mulheres, o número de homens que recorrem à reposição hormonal ainda é muito pequeno. Porém, da mesma forma como ocorre com as mulheres, o tratamento para os homens deve ser dependente de uma avaliação e acompanhamento médico, levando-se em conta seus prós e contras, para que os benefícios sejam otimizados.

Muitos homens respondem positivamente ao tratamento com precursores hormonais, pré-hormônios que permitem que o próprio corpo produza os hormônios que necessita. O uso de fitoterápicos e nutrientes específicos também auxilia no combate aos sinais e sintomas da andropausa, servindo como cofatores para otimização da produção hormonal. Em alguns casos há necessidade de se associar a reposição com testosterona.

A atriz Suzanne Somers em forma com 60 anos aponta beneficios do tratamento bioidentico.A reposição hormonal bioidêntica (hormônios com a estrutura molecular idêntica à dos hormônios produzidos pelo corpo humano) traz vantagens como a melhora da força e disposição, aumento da massa muscular, redução do percentual de gordura, principalmente da gordura visceral, aumento da capacidade cognitiva e da memória, incremento da libido e do bem-estar geral. Estudos recentes indicam que a testosterona pode proteger o coração por aumentar o HDL (bom colesterol). Porém, antes de se decidir por realizar a reposição hormonal deve-se ponderar entre seus benefícios e riscos.

Os riscos do uso indiscriminado e excessivo de testosterona são: ginecomastia (crescimento das mamas), aumento do número de hemácias tornando o sangue mais viscoso (fator predisponente a derrames e infarto), lesões no fígado (que podem evoluir para hepatite e câncer), retenção de água e sais minerais (o que pode levar a um aumento na pressão arterial), aumento do tamanho da próstata (hiperplasia benigna) e aceleração do crescimento de tumores na próstata ou em outros locais do corpo.

Estes efeitos devastadores são produzidos principalmente em indivíduos preocupados em aumentar a massa muscular, e que seguem a orientação de pessoas não habilitadas. Na maioria são adultos jovens que produzem testosterona endógena em níveis adequados e não precisam de nenhuma reposição. Utilizam andrógenos sintéticos, de procedência muitas vezes duvidosa, em doses cavalares, causando um mega desequilíbrio hormonal que vai cobrar seu alto preço alguns anos mais tarde.

A reposição com hormônios bioidênticos não causa câncer, pelo contrário, previne esta doença tão temida. Os andrógenos sintéticos é que podem ser responsabilizados pelos efeitos indesejáveis, pois possuem uma estrutura molecular diferente dos hormônios produzidos pelo corpo, o que altera a sua metabolização pelas enzimas endógenas fazendo com que permaneçam no corpo atuando durante um período mais longo e causando um possível efeito cumulativo. Outro fator importante a ser considerado é a dose de hormônio administrada, que deve ser sempre a menor dose eficaz.

O tratamento de reposição com testosterona costuma ser realizado de quatro formas: via intramuscular (com injeções), via transdérmica (adesivos e gel), via oral (cápsulas ou comprimidos) e via subcutânea (implantes). A novidade no tratamento é um gel cujo princípio ativo é a testosterona natural ou bioidêntica, atualmente disponível no Brasil. Esta é certamente a melhor forma de se administrar a reposição, permitindo um ajuste da dose ideal para cada homem. A associação de precursores hormonais, nutrientes e fitoterápicos permite a prescrição de doses mínimas de testosterona, as chamadas doses fisiológicas, minimizando ou eliminando assim os possíveis efeitos colaterais.

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