A dieta hipocalórica

Princípio:

  • Contar as calorias para diminuir os aportes alimentares: o médico pede à pessoa com excesso de peso para reduzir seus aportes diários (calculados por uma nutricionista após pesquisa alimentar feita com o paciente), ou o médico o reduz de maneira arbitrária (prescrevendo um regime dc 1.500 kcal), após um interrogatório que lhe permitiu verificar que, a princípio, a pessoa come demais.

Crítica:

  • Infelizmente, o organismo coloca rapidamente em ação mecanismos dc adaptação, ajustando seus gastos aos aportes reduzidos, o que faz com a pessoa pare dc perder peso. Pode acontecer que, em seguida, ele diminua ainda mais os gastos para poder colocar um pouco dc gorduras de lado (é a ação do gene econômico, programado para administrar as fases de poucos aportes).
  • O cálculo das calorias, a cada refeição, é desestimulante e muito aproximativo.
  • Não basta raciocinar em termos quantitativos, mas saber do que se compõem as 1.500 kcal! O aspecto qualitativo é freqüentemente negligenciado.
  • Respeitar a distribuição habitualmente recomendada (15% de proteínas, 30% de lipídeos e 55% de carboidratos), na prática é muito complicado.
  • Nem sempre é possível saber quais proteínas, lipídeos e carboidratos consumir.
  • O método não é adaptado a muitas pessoas que sofrem de excesso de peso, mas apresentam peso estável e comem pouco, com aporte calórico já bastante baixo!
  • Crianças podem apresentar problemas cm seu ritmo cardíaco ao seguir um regime hipocalórico.
  • Se mal conduzido, pode causar carências de proteínas, vitaminas, sais minerais e oligoelementos. Abaixo dc 1.500 kcal, é impossível garantir que cada um desses micronutrientes esteja sendo fornecido cm quantidade suficiente pela alimentação.
  • As restrições provocam um incremento na produção de grelina, hormônio gástrico que estimula o apetite.
  • As frustrações acabam levando a períodos de compulsão alimentar e até de bulimia, com retomada brusca do peso.
  • A classificação dos alimentos em “alimentos proibidos” e “alimentos autorizados”, somado às restrições impostas pela dieta, fazem com que a pessoa que a segue passe a se policiar sem descanso. Paradoxalmente, cia acaba por só pensar naquilo que come (e naquilo que tem vontade dc comer): a restrição cognitiva passa a rondá-la. E se esse autentico distúrbio do comportamento alimentar aparecer, ele poderá levar, a longo prazo, a um excesso de peso ainda maior, por isso será preciso tratá-lo.
  • A repetição de dietas hipocalóricas e de fracassos sucessivos (com retomada do peso) termina com a retomada de alguns quilos suplementares, alem daqueles que haviam sido perdidos: é o efeito rebote. Essas retomadas de peso repetidas acompanham-se freqüentemente de uma multiplicação das células adiposas, que podem, então, dar lugar a uma obesidade hiperplásica. Isso torna os emagrecimentos posteriores mais difíceis. É um círculo vicioso que faz com que pessoas que quiseram perder três quilos, dez anos depois apresentem oito ou dez quilos suplementares, ou até mais…
Rolar para cima